domingo, 9 de outubro de 2011

Dos últimos Jobs.

Cansado da Idolatria desenfreada e sem muito estofo para criticar com argumentos consistentes, o Rê escreveu para seu amigo Pablo Galeão e implorou em um email:

Pablão.
Nesse momento de idolatria ao Steve Jobs, c podia escrever um textinho crítico né? Uma crônica? Um conto? Ou algo científico. 
Eu num to guentando mais esse povo idolatrando tanto o cara... Tipo IGOD.
 
Eis que, algumas horas depois, o amigo retorna o email com a seguinte consistente e informada crítica:

É engraçado como os verdadeiros criadores são esquecidos no momento de criar a História. Assim como o verdadeiro criador do celular, que não foi Hitler e nem a Ericson ou Bell, mas sim um pequeno cientista que precisava ser subsidiado para viver. Para Alexis Colombo não sobraram nem as migalhas do reconhecimento da invenção.

Jobs no começo não era o inventor genial que muitos viam no Jobs de hoje (ontem?). Jobs, assim como Gates, era oportunista que vivia em uma época onde as patentes não conheciam regulamentação justa (nem hoje são...).

O mouse não era usado em PCs, mas já existia. As janelas e os ícones também não foram criação dele, mas da Xerox em suas copiadoras se não me engano.

Jobs era um estudante bem colocado socialmente, hippie rico, que tomava bastante ácido licérgico e nem sabia tanto assim sobre desenvolvimento de sistemas operacionais. Mas teve a boa (ou má) idéia de contratar jovens estudantes (como Gates) para desenvolver o que seria "o primeiro PC", que nada mais era que um computador baseado em tecnologia já existente, usando softwares copiados de outras empresas.

Mas não podemos tirar o mérito de Jobs, que realmente foi o primeiro a criar um computador que poderia ser usado praticamente por qualquer pessoa. Já Gates tem o mérito de roubar a idéia de Jobs, abrir a própria empresa e 6 meses depois lançar o  famoso MS-DOS com o Windows 1.0, mais barato, mais vendável e muito, mas muito ruim mesmo!

Pelo menos Jobs faz bons produtos. Seu software é baseado no Unix, o mesmo que influenciou a criação do Linux. O unix é robusto, foi o substrato onde floresceu a Internet e as grandes redes corporativas, por exemplo.

Agora... o sucesso da Apple de hoje, em minha opinião, não se deve a genialidade de Jobs, mas sim ao monopólio exercido no mercado de PCs e de Smartphones. Aliás, em tecnologia, monopólio é mesmo muito importante. Não posso lembrar de nem mesmo uma grande empresa de software que não se beneficie disso. Adobe (photoshop, flash, reader), Oracle (java, mysql), Autodesk (autocad), Esri (arcgis), Google... Eles não abriram o código de suas geniais invenções.

Ou seja... essa praia é mesmo muito suja. Por isso que prefiro nadar nas águas do Linux, com sua História de origem um tanto mais romântica e justa socialmente. Mas não podemos nos entorpecer de idealismo. O código do Linux hoje, é escrito em grande parte por grandes empresas, com motivações nada diferentes daquelas que motivaram Jobs. Apesar disso o código do Kernel, o núcleo e cérebro do Linux, é completamente livre, e pode ser usado de variadas formas, assim como foi usado pela Google para criar o Android, aquele que costumamos sempre comparar ao iOS, o sistema do iPhone.

Não serviu para a criação de um ambiente Desktop para PCs mas o Linux hoje está presente hoje em carros, em modems, wireless, relógios, microondas, geladeiras, casas inteligentes, tênis, implantes cirúrgicos, foguetes e aviões... O Windows e o MacOS não são assim tão populares quanto costumamos pensar.

Com a crescente influência da tecnologia na vida das pessoas, está chegando a hora de começarmos a lutar pela justiça digital. Não estou falando só de software livre. Estou falando em privacidade, em lixo eletrônico, em inclusão, em multiplataforma, segurança, compartilhamento da cultura, igualdade de direitos no acesso à sistema públicos, modernização das cidades, modernização justa no campo e mil outros temas.

Beijos nas crias.
 
 
 
 
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