segunda-feira, 27 de junho de 2011

CosPlay


Decididamente o mundo pós moderno adentrou a nossa casa. Lararirarará, enquanto seu irmão – Pinduri-Caio – só pensa em mamar, ela está fazendo Cos Play. Se vc não sabe o que é isso, a gente explica: É quando o mundo dos símbolos (semiótica total) entra pela sua casa adentro e seu filho vive incorporado em um personagem fiquitíssio. A juventude vive um símbolo de modernidade, uma alusão a uma realidade fantástica de forma interativa. Assim, quando incorporado no seu personagem, o dito cujo passa a reagir aos estímulos do mundo real como se o seu personagem é que reagisse. Eles imaginam como aquele personagem reagiria a certas situações (e aqui eu já entro na seara da teoria dos jogos) e assim reagem como forma de interagir com o entorno. Assim, o Rê e o seu CosPlay miniatura, a Lararirarará incorporada em um personagem nem tão pós-moderno, saíram de casa para ver um show juntamente com tio Marcão, Lalapaula (Ana Paula, filha do Marcão) e Buna (Bruna, também filha do Marcão).

O show tinha como organizadora a professora de música da Lara, a Célia Porto. Foi uma homenagem muito bonitinha e adequada ao Michael Jackson. Além da música muuuuito bem tocada, cantada e dançada, o show tinha um coeficiente teatral que trazia as músicas e as danças ao mundo das crianças. O fio da meada era tratar a coisa da memória como agente da história e como forma de guardar coisas que gostamos muito. Claro que para dialogar com a realidade dos pequenos, o Michael era tratado como um ser encantado. É aí que vem a coisa toda.

Num dado momento do show, a personagem que entrava entre uma música e outra, trazia uma caixa pequena que se chamava memória. A personagem fazia de tudo com sua memória mas, um dia, ela foi roubada. Ao recupera-la (com auxílio da plateia infantil) a personagem afirma que sua memória só poderia ser aberta por algum ser encantado. Ao perguntar se havia naquela plateia algum ser encantado, uma voz infantil do outro lado da arquibancada imediatamente taxou: Sim há! Alí do outro lado está a Branca de Neve!!!!

Então, ouviu-se um barulho estridente e ágil de metal contorcendo. Eram os holofotes que imediatamente nos atingiram cheios de luz e esperança para a atividade do ser encantado. Sim, nobres colegas, a Branca de Neve era a Lara em seu CosPlay. Então, ser encantado que é, foi incumbida de subir ao palco e a beijar um sapo para virar príncipe e de encaminhar a abertura da caixa da memória!

Com os holofotes em cima dela – quer dizer, da Branca de Neve – Lararirará não titubeou. Executou as atividades com destreza e sem muita vergonha. O pai, que a segurava no colo, tratava de mirar as dobras do chão pois não é lá chegado a holofotes.

Dessa forma, acredita-se que ela acredite que é mesmo um ser encantado. Veja bem. Como afirmar o contrário? Uma coisa é você achar que é uma coisa. Outra coisa beeeem diferente é a sociedade envolvente te reconhecer como tal!! É o CosPlay perfeito né?

Assim, ratificado o CosPlay da Lararirarará, só aguardamos o dia que ela vai querer fantasiar o irmãozinho de algum dos 7 anões. Quando esse dia chegar, espero que seja o Feliz!!!




Nota de rodapé e Post Scriptum - Perceba a riqueza da analogia encenada pela Lararirarará: Foi de BRANCA de Neve ao show em homenagem ao cara que, em vida, quis ser tão Branco como ela mas foi barrado pelas limitações da ciência e do corpo humano. 


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Posted by Picasa

4 comentários:

  1. tô rindo sozinha aqui atrás da tela do meu laptop... que delícia de narrativa!
    bjks

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  2. Nossa, Renats! Que história incrível. E adorei seu PS. Há tempos fui numa peça do Monteiro Lobato em que a Branca de Neve se negava a beber café pra não virar negra. Achei que fosse algo incluído na adaptação do texto, mas não... Está no original do Lobato... Veja só... Que Lara, Caio e outros pequenos possa subverter a ordem desse mundo pra melhor :) Bjo, Juliana

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  3. Demais, demais... que bom que gostaram. Realmente a Lara estava demais. Parabéns a vocês. e obrigada pela narrativa carinhosa. Beijos.

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