Esta é uma publicação de fôlego.
No link estão precisamente 276 fotos da Colômbia. Viagem que o ReJunte
fez em Janeiro último. Pra quem pensa que é muito, vamos dar um panorama. Em
realidade eram 1.600 fotos feitas com duas máquinas e dois celulares. Extraídas
300 que não tinham nem foco, sobraram 1.317. Então refizemos uma seleção
tirando as menos interessantes. Chegamos a um grupo de umas 600. Para finalizar
fomos desqualificando fotos que retratavam os mesmos lugares ou mesmos temas.
Assim, chegamos ao seletíssimo grupo de 276. Mesmo sabendo que é muito,
convidamos vocês a nos acompanharem neste role que o ReJunte fez, em férias,
sem filhos depois de 7 anos sem fazer nada parecido! Na verdade, a primeira viagem
desde que mudamos para Brasília.
Viajamos por 11 dias e visitamos Cartagena de Índias, Bogotá e
Zipaquirá. O que vimos foram lugares com
muita história pra contar. Cartagena foi o principal porto da América
Espanhola. Foi por onde se esvaiu grande parte do ouro roubado da América do Sul. Foi importante, foi escravagista, resistiu a
ataques de piratas ingleses e criou cenários para Gabriel Garcia Marquez.
Bogotá é uma cidade grande, pujante. O poder central de um país que
ainda debate o narcotráfico como assunto delicadíssimo. Um país do plano Colômbia
onde o exército está por todos os lados e onde a cultura se norteamericaniza
cada dia mais. Bogotá estava em convulsão com o impeachment do prefeito Petro.
Um prefeito com olhar social, um camarada interessante que ousou enfrentar cartéis
de limpeza publica na cidade. Não permaneceu no cargo e as pessoas
mobilizavam-se na praça Bolívar para que ele retornasse à prefeitura. Um
movimento articulado pelo M-19. Movimento conhecido por ter invadido o
ministério da justiça em 1985 para impedir a votação da lei que permitiria extradição
dos narcotraficantes presos. (entre eles, o Pablo Escobar). Neste episódio o exército invade o prédio com
tanques e mata quem vê pela frente. E pra piorar, pessoas que foram
fotografadas saindo vivas do prédio alguns dias depois, sumiram sumariamente. Até
hoje não há pistas.
História pujante e latente que é uma ferida aberta para estes
colombianos dos Andes.
Um lugar onde a história oficial está estampada em 25 tabletas de mármore por toda a praça bolívar, como que mostrando aos que alí circulam não só os fatos que construíram o país como também à quem pertence esta história.
Falando em história, Zipaquirá (Zipa era um líder indígena que iniciou a
mineração na região) é uma cidade de mais de 400 anos que agrega uma mina de
sal ativa que tem uma catedral de sal esculpida dentro dela. Lugar muito
interessante.
Em todos estes lugares vimos um país de fortes contrastes, até mesmo
considerando os 44º C da costa Caribenha e os 5º C que pegamos em Bogotá. Um
país com uma elite americanizada, consumidora e pujante que também congrega uma
pobreza profunda por todos os lados que se olhe. Um país que já foi dos mais
perigosos do mundo e que fez reabrir o escritório do Alto Comissariado da ONU
para Refugiados no Brasil, tem pelas FARC um sentimento esquisito, um incômodo
de um movimento de guerrilha que num certo sentido representa muitos dos princípios
que se defendem em todo país. Ao mesmo tempo, sua criminalização e suas
atitudes de guerra engasgam o orgulho colombiano.